Com restrição de crédito, consórcio de imóvel é opção para comprador
17/05/2016
Modalidade tem custo menor que os empréstimos habitacionais, mas só vale a pena para quem não tem urgência; com exceção da Caixa, outros bancos ainda pedem entrada mínima de 20% vai complicar o sonho de muitos brasileiros em busca da casa própria. Agora, é preciso ter 50% do valor financiado para imóveis usados dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), ou 60% para imóveis usados enquadrados no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).
Nesse cenário, especialistas indicam duas opções para quem foi pego de surpresa pela mudança: recorrer a outros bancos, que por enquanto mantêm as condições de financiamento, ou contratar um consórcio.
No consórcio, compradores se unem para formar uma poupança comum para comprar um bem no caso, um imóvel. Cada participante dá uma contribuição mensal, chamada de fundo comum, com o objetivo de ter acesso a esse dinheiro. Há três maneiras de obter o valor integral da carta de crédito contratada: quando todas as parcelas forem pagas, por sorteio ou lance.
Como boa parte das chances de um consórcio depende de sorte, o consórcio não é indicado para quem tem urgência. "O consórcio é vantajoso desde que o consumidor tenha essa visão de médio e longo prazo", afirma Paulo Rossi, presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).
A vantagem do consórcio está no custo. As taxas são mais atrativas do que a do financiamento imobiliário. Segundo a Abac, a taxa de administração média é de 17,5% para todo o período do consórcio, que no caso dos imóveis pode chegar a 200 meses, segundo Rossi.
Algumas administradoras ainda cobram mais duas taxas que se somam ao pagamento mensal e à taxa de administração: a de formação do fundo de reserva, usado para ocasiões previstas em contrato, como inadimplência, e um seguro.
O custo menor e a possibilidade de conseguir um imóvel em menos tempo têm atraído mais brasileiros ao consórcio. No primeiro trimestre, cresceu em 15% a venda de novas cotas para imóveis em comparação com mesmo período de 2014, segundo a Abac.
No consórcio de um imóvel, o consumidor pode ainda usar o FGTS para dar um lance mensal ou completar o que eventualmente faltar quando ocorrer a contemplação. A recomendação é consultar o regulamento do seu grupo de consórcio junto à administradora do produto para saber quais são as regras dos lances.
Desconto. O encarecimento do crédito habitacional a Caixa já aumentou os juros duas vezes neste ano e o recente limite para os financiamentos devem impactar diretamente a procura por imóveis. "Ou vai cair a venda de imóveis no Brasil ou preço terá de se ajustar à nova realidade", afirma Eduardo Zylberstajn, coordenador do índice FipeZap, que mede o valor anunciado de imóveis em 20 cidades brasileiras. No primeiro trimestre, o valor médio dos imóveis subiu 0,7%. Descontada a inflação do período, há uma queda real dos preços de 3%.
Quem já tem alguma reserva de dinheiro para dar entrada em um imóvel pode aproveitar o momento para encontrar barganhas. "Estamos em um ano bem difícil para a economia e já observamos as construtoras vendendo imóveis prontos com descontos para diminuir o estoque", diz Marco Aurélio Luz, presidente da Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências (Amspa).
Outros bancos. Outra possibilidade para comprar agora um imóvel usado é tentar o financiamento com outros bancos. A desvantagem é que, apesar do valor de entrada menor do que a nova política da Caixa, a parcela vai pesar mais no orçamento porque os demais bancos têm juros maiores que os do banco estatal.
Procurados, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e HSBC informaram que ainda mantêm uma entrada mínima de 20% para compra de imóveis usados. O Itaú Unibanco não respondeu.
Fonte: ESTADÃO